No mundo da botânica tropical, encontramos plantas que conseguem acumular substâncias e fitocomponentes muito interessantes para a medicina moderna.
Especificamente, a semente fava cumaru (Dipteryx odorata) é uma fabaceae da qual quantidades importantes da cumarina, um poderoso anticoagulante relacionado à varfarina (um medicamento para esse fim).
De fato, devido ao seu pronunciado sabor de baunilha, a fava cumaru tornou-se um ingrediente de renome para chefs e cozinheiros com estrelas Michelin em todo o mundo. Uma mistura entre caramelo, baunilha, alcaçuz e cravo.
O perigo surge quando se utilizam grandes quantidades deste feijão, o que acarreta um alto aporte de cumarina e é potencialmente tóxico, o que levou ao controle da distribuição e venda de feijão cumaru para evitar seu uso desproporcional.
A árvore que produz a semente da fava Cumaru
Temos que entrar na família Fabaceaeas Fabaceae, para encontrar a espécie cujo nome científico é Dipteryx odorata.
É uma cultura tropical típica de áreas do continente americano com alta umidade e temperatura, como no Brasil, Bolívia, Peru e Venezuela, entre outros.
De cada fruto é extraída apenas uma semente preta, que pode medir entre 3 e 4 cm de comprimento e 1 cm de largura.
Se aproximarmos a semente do nariz, notamos tons relacionados à baunilha, canela, amêndoa ou cravo.
De fato, em cosméticos, é frequentemente usado como um substituto mais barato da baunilha.
Para extrair a semente da árvore Dipteryx odorata, como acontece em outras plantas, uma vez que os frutos atingem seu nível ótimo de maturação, eles são deixados para secar para facilitar a extração da fava Cumaru. Posteriormente são embebidos em álcool (rum) para limpeza e isso faz com que a cumarina forme uma cristalização característica que deixa tons esbranquiçados e transparentes (como ocorre com o açúcar).
Histórico de seu uso
Fava Cumaru (Dipteryx odorata) É uma semente que atualmente é muito cobiçada para uso em cosméticos e perfumaria devido ao seu maravilhoso cheiro de baunilha.
Esta fragrância também o levou a ser usado como aditivo ou complemento em sobremesas e bolos, riscando a semente na cobertura doce.
Para a preparação de certas bebidas alcoólicas, também foi incorporada uma pequena quantidade deste composto.
No entanto, a Food and Drug Administration alertou sobre os altos níveis de cumarina que o feijão Cumaru contém e os perigos do consumo excessivo dessa substância.
Propriedades medicinais da fava Cumaru
Precisamente, há uma lista de compostos, além da cumarina acima mencionada, que em doses adequadas têm um efeito positivo no corpo.
Vamos ver alguns de seus componentes e o efeito cientificamente estudado para conferir os resultados.
Conteúdo em fitocomponentes
- Cumarina (entre 1 e 3% do peso seco)
- sitosterina
- Estigmasterina
- Odoratina
- Dipterixina
- Isoflavonas (7-hidroxi-4′, 6-dimetoxiisoflavona e 3′, 7-dihidroxi-4′, 6-dimetoxiisoflavona)
- ácido dipetérico
- Lariciresinol
Um dos compostos mais famosos da semente de fava Cumaru é cumarina, uma benzopirona cujo nome está relacionado a esta planta e leguminosa Cumaru. Sua ingestão, em doses específicas, é benéfica para o organismo. Pelo contrário, um abuso desse composto tem consequências negativas, que discutiremos mais adiante.
1- Efeito anticoagulante
Um dos principais efeitos da fava Cumaru(Dipteryx odorata) é o grande potencial anticoagulante de seu principal componente, a cumarina.
Isso é interessante para pessoas que correm risco de trombos, principalmente idosos, onde em muitos casos utilizam medicamentos, como a varfarina, para conseguir esse efeito.
Este medicamento é um derivado sintético da benzopirona da cumarina, portanto seu consumo não seria recomendado para pessoas que sofrem de problemas de plaquetas e falta de coagulação.
Para dar um exemplo de suas propriedades nocivas se a dose for alta, esta cumarina é usada, em altas concentrações, como rodenticida, com alta redução da coagulação sanguínea.
O cumarina Como tal, não tem um efeito direto na coagulação do sangue. No entanto, quando é transformado pela ação de organismos como fungos, é convertido em dicumarol com muitas propriedades anticoagulantes.
Este composto, dicumarol, foi a causa da conhecida doença do trevo doce em gado que se alimentava desta planta. A partir daqui, muitos anticoagulantes foram estudados para aplicação na medicina.
2- Propriedades expectorantes
Entre os compostos naturais encontrados na fava Cumaru, encontramos aqueles que ativam a secreção e a capacidade expectorante. Por isso, estão sendo estudadas as vantagens deste feijão para reduzir os sintomas de tosse e asma, devido ao seu efeito antiespasmódico.
Isso pode ser interessante para situações em que não conseguimos reduzir uma alta concentração de mucosas nos brônquios e pulmões que podem acabar gerando infecção respiratória.
3- Atividade Quimioprevenção da fava Cumaru
Um dos efeitos mais estudados da fava Cumarué seu possível potencial quimioprotetor e quimiopreventivo contra diferentes tipos de câncer.
Este efeito é procurado com base no composto isoliquiritigenina encontrada nesta planta, por sua atividade de quinona redutase em nível celular.
O que se viu, a priori, é uma redução significativa na formação de lesões pré-noplásicas em camundongos acometidos por carcinógenos.
A elevação dos marcadores da quinona redutase permite maior atividade de enzimas protetoras e um efeito quimioprotetor e preventivo na formação e multiplicação das células causadoras do câncer.
Ainda é cedo para tirar conclusões, mas seus efeitos potenciais no corpo ainda estão sendo investigados.
4- Atividade Inseticida
A cumarina da fava Cumaru, em altas doses, tem efeito inseticida contra diferentes tipos de ácaros. O mais estudado é o conhecido ácaro da poeira (Pteronissinas Dermatophagoides), com uma redução significativa nas populações com uma dose muito baixa (0,032 g/m2 de superfície).
Este efeito potencial é semelhante, com menos efeitos colaterais, ao benzoato de benzila, um inseticida comumente usado para a mesma finalidade (0,025 g/m2 de superfície).
Um extrato de ciclohexano de fava Cumaru foi tóxico para o ácaro piroglífico comum da poeira doméstica Dermatophagoides pteronyssinies, mostrando um efeito acaricida dose-dependente. A cumarina foi identificada como o componente ativo.
5- Atividade anti-séptica
Associado ao ponto anterior, é importante conhecer a reprodutibilidade do efeito inseticida contra colônias de microrganismos e bactérias e seu efeito antisséptico.
A comunidade científica está avaliando os resultados. A priori parece que tem efeito contra infecções da pele e melhora a cicatrização de hematomas, cortes e picadas de insetos.
6- Atividade antioxidante
Efeitos antioxidantes e protetores de radicais livres foram encontrados nos compostos fenólicos (formados por anéis de carbono) da fava Cumaru.
Isso se deve à atividade das cumarinas e de todo o conjunto de flavonóides presentes que mencionamos anteriormente (flavonas e isoflavonas, flavonóis, flavanonas).
Atualmente, estão sendo feitas tentativas para relacionar cientificamente os efeitos antioxidantes da fava Cumaru e seu efeito quimiopreventivo em nível celular.
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Contra-indicações e perigos do feijão Cumaru
O principal problema do consumo da fava Cumaru é sua alta concentração de cumarina, cujo acúmulo no organismo pode ser letal para fígados e rins a partir de 275 mg/kg. O principal órgão afetado é o fígado, pois é responsável por filtrar resíduos e elementos tóxicos no sangue. O mesmo vale para os rins e a urina.
Em nenhum caso é recomendado seu consumo se não for consultado previamente um médico especialista, principalmente em pacientes que sofrem de problemas de coagulação ou estão tomando algum medicamento relacionado à varfarina.
Sem dúvida, são necessárias mais informações da comunidade científica para chegar a conclusões sobre seu consumo. No momento ainda está sendo comercializado e é necessária uma medida de controle para estabelecer doses máximas.