Devido à sua composição química variada, muitas vezes é considerado um mineral, mas o obsidiana, a quem nos referiremos nesta oportunidade, é um vidro natural, uma rocha vulcânica. Sua cor preta particular e sua dureza especial foram as características fundamentais pelas quais a obsidiana foi reconhecida por milênios.
Obsidiana em geologia
Obsidiana é o que comumente chamamos de rocha ígnea ou rocha vulcânica.que são produzidos pelo resfriamento rápido da lava.
Este vidro vulcânico pertence ao grupo dos silicatos, tem uma presença importante de silicatos de alumínio e fundamentalmente de óxidos de sílica. Tomando como referência a escala de Mohs, a dureza da obsidiana varia de 5 a 5,5. Sua cor mais marcante é o preto, mas devido à presença de outros elementos, pode variar para verde escuro e diferentes tons de cinza. Uma peculiaridade desta rocha vulcânica é que dependendo da forma como o corte é feito, a cor que ela apresenta varia. A dureza é 6.
Obsidiana na história
Pelas suas características, esta rocha teve uma forte presença ao longo da história. Devido à sua dureza, o uso fundamental foi o que lhe foi dado pelos romanos e gregos na elaboração de pontas para flechas e lanças, embora devido à sua fisionomia vítrea e sua cor, fosse utilizado na fabricação de ornamentos e joias. Registros arqueológicos concluíram que um uso semelhante foi dado à obsidiana na Turquia e nos povos da Mesopotâmia asiática.
As antigas civilizações pré-hispânicas da Mesoamérica deram grande uso à obsidiana. Os arqueólogos puderam determinar que era usado para a elaboração de elementos ornamentais e armas, particularmente os maias elaboravam espadas de madeira, mas cujo fio era obsidiana. A capacidade destrutiva desta arma foi significativa, produziu ferimentos fatais. Mais tarde, os astecas adotaram essa maneira de fazer armas para si mesmos. Nessas civilizações, surpreendeu a possibilidade de que a obsidiana fosse usada para a fabricação de instrumentos cirúrgicos.
Também na Ilha de Páscoa – no Chile – foram encontradas ferramentas de corte feitas com obsidiana, além de restos de armas.
A precisão da obsidiana
Atualmente o uso desta rocha é dedicado principalmente à elaboração de objetos ornamentais, algumas joias, também foi utilizada pela empresa Technics, fabricante de equipamentos de áudio para elaborar a base dos toca-discos.
Mas, embora ainda em fase experimental, a fabricação de material de corte cirúrgico, como bisturis, começou a substituir o aço cirúrgico. Constatou-se que os instrumentos confeccionados com obsidiana possuem uma perfeição muito maior em sua afiação, o que garante cortes mais limpos nas cirurgias. Dizemos que está em processo de experimentação, apesar de inúmeros cirurgiões terem adotado esses instrumentos, pois nem mesmo a Federal Drugs Administration (FDA), nos Estados Unidos da América, não aprovou seu uso.
O uso de instrumentos cirúrgicos de obsidiana pode causar uma verdadeira revolução nas técnicas cirúrgicas, uma vez que os cortes feitos com bisturis feitos com este material causam menos quebra de material orgânico do que os mais perfeitos instrumentos de aço, facilitando a rápida cicatrização das feridas.
Colocados ao microscópio eletrônico pode-se observar que os instrumentos confeccionados com aço cirúrgico apresentam algumas irregularidades na borda, enquanto os que utilizam obsidiana são lisos e uniformes.
Esta utilização moderna da obsidiana no fabrico de instrumentos médicos, remete-nos para a história desta rocha, pois, dentro dos achados, tanto nas civilizações maia como nas astecas, foram encontrados instrumentos que, provavelmente, foram utilizados para cirurgias. Muitas dessas peças arqueológicas encontradas estavam ao lado de crânios que apresentavam incisões quase perfeitas, por isso supõe-se que Civilizações mesoamericanas usavam obsidiana para a fabricação de materiais cirúrgicos.
A extração de obsidiana
Sendo uma rocha vulcânica, produto do rápido arrefecimento da lava, é possível encontrar importantes depósitos sob formações rochosas produzidos por fluxos de lava riolítica. Os principais depósitos de obsidiana são encontrados na Argentina, Armênia, Azerbaijão, Austrália, Canadá, Chile, Geórgia, Grécia, El Salvador, Escócia, Estados Unidos, Oregon, Guatemala, Islândia, Itália, Japão, Quênia, México, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Peru e na Turquia.
Depósitos deste vidro vulcânico são acessados por mineração através das camadas externas de riolito – rocha vulcânica encontrada no exterior. Desta forma é extraído por meio de lixiviação.
Fizemos um breve tour por esse mineraloide, que acompanha a humanidade desde sua infância e que, provavelmente, está destinado a causar um novo salto tecnológico na indústria médica.