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Bo-Kaap, as casas coloridas da Cidade do Cabo

Como em muitas grandes cidades, o centro histórico é uma mistura de diferentes culturas interligadas. A Cidade do Cabo não é exceção. Não é por acaso que esta cidade cosmopolita é o local da chamada bairro malaio de Bo-Kaap.

Um bairro pitoresco e animado, cheio de fachadas com as cores mais vivas que alguma vez vimos, um lugar multicultural, mas dominado por imigrantes, em suma, uma zona que merece ser visitado. Hoje vamos às casas coloridas da Cidade do Cabo, vamos a Bo-Kaap.

Bo-Kaap, ou o bairro de casas de cor da Cidade do Cabo, situa-se no sopé de Signal Hill, a uma curta distância do Parlamento. É um dos cantos mais impressionantes da cidade. Não é só a cor das suas casas que chama a atenção, mas também as suas ruas empedradas, a presença de mesquitas (90% dos seus vizinhos são muçulmanos) e as deambulações descontraídas dos seus habitantes. Esta mistura faz com que valha a pena a viagem para apreciar esta explosão de cor e carácter.

História de Bo-Kaap e das suas casas coloridas

Uma rede de ruas estreitas ladeadas por casas de cores vivas conduz-nos a um bairro habitado pelos descendentes dos escravos que chegaram à Cidade do Cabo nos séculos XV e XVI. Os colonos holandeses A Companhia Holandesa de Comércio das Índias Orientais trouxe escravos de várias partes da Ásia, como a Malásia, a Indonésia, a Índia e o Sri Lanka, para trabalharem na Cidade do Cabo.

O bairro de Bo-Kaap foi o local onde a maioria dos antigos escravos foi alojada em 1834, quando os britânicos aboliram a escravatura. No século XX e durante o Apartheid (1944 – 1990), que em africâner significa separação, era uma zona exclusiva de residência muçulmana. As pessoas de outras religiões tiveram de se deslocar para outras zonas da Cidade do Cabo.

Estes escravos eram anteriormente conhecidos como “Malaios do Cabo” (Malaios da Cidade do Cabo), embora nem todos os prisioneiros fossem de origem malaia. Com eles, chegou uma nova religião ao país e mais casamentos mistos. Muitas das mulheres locais começaram a converter-se ao Islão para se casarem com homens muçulmanos. Mas não foi só a mistura inter-racial que se registou cruzamento na cozinha, pois com os escravos trouxeram novos costumes culinários para o país.

Hoje, perto de Bo-Kaap, encontramos um centro comercial (Waterkant) com inúmeros restaurantes e galerias onde se pode apreciar a comida tradicional malaia. Aqui, as especiarias são as estrelas indiscutíveis dos pratos. Além disso, Bo-Kaap alberga mais de 6.000 habitantes, com uma grande presença muçulmana e um mercado imobiliário cada vez mais caro. Parece que o bairro das casas coloridas está a crescer.

Por que é que as casas são coloridas em Bo-Kaap?

Ninguém sabe exatamente quando e porque foram construídas pintar as casas numa variedade de cores vivas. Antigamente, as casas da Cidade do Cabo eram brancas, mas acredita-se que os habitantes de Bo-Kaap decidiram pintar as suas casas para se prepararem para o festival do Eid (fim do Ramadão). Foi assim que o bairro começou a ser adornado com casas de cores vivas e, gradualmente, tornou-se uma das zonas a descobrir quando se visita à Cidade do Cabo.

Outra explicação dada é que, quando os antigos escravos foram autorizados a comprar casas, decidiram pintá-las com cores como símbolo da liberdade. A sua vida passou do preto e branco para a cor técnica mais excitante de sempre.

Mesquitas em Bo-Kaap (um bairro muçulmano)

Bo-Kaap não é só casas coloridas, para além das belas fachadas, podemos encontrar mesquitas. Ao aproximar-se da rua Dorp, encontramos a primeira delas. Auwal foi fundada em 1797 por Imam Abdulla Ibn Abd al-Salam, conhecido como Guru Tuan ou “Mestre e foi a primeira mesquita da África do Sul (existem atualmente 10 mesquitas espalhadas pelo bairro de Bo-Kaap).

Também em Bo-Kaap se encontra a Mesquita Shafee. Construída em 1859 num terreno adquirido pelo Imã Hadjie na esquina da Rua Chiapinni com a Rua Helliger. Foi oficialmente baptizada com o nome do Imã Hadjie, em honra do santo padroeiro da comunidade muçulmana. Em 1920, a mesquita ruiu e foi posteriormente reconstruída. É a quinta mesquita mais antiga de Bo-Kaap.

Museu Bo-Kaap

No interior do bairro existe um pequeno e antigo museu que está aberto das 10h00 às 17h00, de segunda a sábado. Está localizado na Rua Wale, na casa mais antiga da zona e ainda mantém o seu estilo original. Foi construído no século XVIII e o seu objetivo é revelar parte da história dos primeiros colonos muçulmanos na Cidade do Cabo.

O museu foi construído na antiga casa de Abu Bakr Effendi, um líder religioso muçulmano (1814-1880) que actuou como pacificador entre muçulmanos em guerra. Fundou uma escola de árabe e escreveu um livro em africâner (uma língua germânica falada principalmente na África do Sul e na Namíbia) que se crê ser o primeiro livro publicado nessa língua.

A entrada no museu Bo-Kaap custa. 20 Rd adultos y 10 Crianças Rd.

Mapa da Cidade do Cabo

Como chegar a Bo-Kaap?

O bairro de Bo-Kaap está localizado no sopé da Signal Hill e fica a cerca de três quilômetros a pé do V&A Waterfront. A caminhada é bastante íngreme, podando ser melhor apanhar um táxi ou, se tiver um carro alugado, estacionar nas proximidades.

Já agora, a Uber faz maravilhas na África do Sul, por isso não seria má ideia experimentar o serviço. Utilizámo-lo uma vez e foi ótimo.

Como visitar Bo-Kaap?

A recomendação é sempre a de o fazer em grupo ou com um guia local. Existem algumas empresas que oferecem visitas guiadas a pé (visitas guiadas) por cerca de Rd 80 (4 euros) por pessoa. Também pode fazer um Free Walking Tour (passeios baseados em gorjetas para o guia no final da visita) que partem da Green Market Square e visitam Bo-Kaap. Ambas são boas opções para descobrir a Cidade do Cabo em geral e Bo-Kaap em particular.

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Sobre Goncalo Sousa

Gonçalo Sousa, graduado em Turismo, é um apaixonado viajante com uma rica bagagem de experiências internacionais. Seu currículo inclui a exploração de diversos países, o que o tornou um especialista na arte de viajar. Sua formação em Turismo é complementada por vivências autênticas em diferentes culturas, o que lhe confere uma visão única sobre o setor. Com um profundo conhecimento e uma paixão pela descoberta, Gonçalo busca compartilhar seu entusiasmo pelas viagens e contribuir para a indústria do turismo, tornando-o um profissional valioso e inspirador.